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Amechanon, Vol. I / 2016-2018, ISSN: 2459-2846
Primeiras notas: uma escola pública entra na universidade, também pública
Na quarta-feira, dia 16 de setembro de 2015, durante a aula de uma disciplina de Graduação
do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, PPP (Pesquisa e
Prática Pedagógica) do Departamento de Estudos da Infância, foi realizada uma
experiência de filosofia com 25 crianças com idades entre 9 a 12 anos, a Escola Municipal
Pedro Rodrigues do Carmo. Essas crianças assistem na escola ao que ali chamamos de
Cardápio Filosófico, um espaço onde elas escolhem alguns temas dentro de um «cardápio»
temático oferecido para encontrar-se e pensar junto, coordenado por Aline Fiorentini. O
trabalho do projeto de filosofia na escola é coordenado pela professora Adelaide Leo.
As viagem à UERJ fazem parte de uma prática já habitual entre as escolas que fazem parte
do Projeto «Em Caxias a filosofia em-caixa?» coordenado pelo Núcleo de Filosofias e
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Infâncias da UERJ . Nessas viagens, as experiências não começam apenas no dia da visita
à UERJ, mas bem antes: elas são um acontecimento para as crianças participantes. Neste
caso, os alunos falavam da visita à UERJ durante semanas inteiras antes dela acontecer. A
sua ansiedade era de encantar a qualquer um que a presenciasse, difícil imaginar o que se
passava na cabeça deles. Todos estavam com uma expectativa imensa, até aqueles que já
tinham ido à universidade antes, e dividiam uma sensação de alegria e êxtase a uma só vez.
As dúvidas eram ao mesmo tempo variadas e parecidas: «Tia, lá é muito alto?», «É verdade
que da pra ver o Maracanã?», «Você vai pra lá todos os dias?», «O que vocês fazem lá?». E
as perguntas se prolongavam uma trás outra sem parar.
Bem, nesse dia a turma iria especial e unicamente para nos dedicar a fazer uma experiência
de filosofia, iriamos experimentar o pensamento juntos. De modo que a nossa ansiedade
não ficava muito abaixo da delas. Na noite anterior acordávamos de hora em hora na
expectativa de chegar logo a hora de buscá-las ou talvez com medo de perdê-la, e também
tínhamos muitas dúvidas: «Como será que vai ser?», «Será que vamos conseguir oferecer a
elas o que esperam?», «Não será decepcionante?», «Será que vai ser uma boa experiência
pra eles? E pra nós? Como será?». As perguntas também não paravam em nossa cabeça.
Chegada a hora na escola, às 7:03 da manhã todas elas estavam já reunidas só aguardando
a Mayara («Tia May») acompanhando o ônibus (orientando o motorista) que tinha
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Para mais detalhes do Projeto, cf. Kohan; Olarieta, 2012 ou consultar o sítio: www.filoeduc.org
(Kohan, W., Ο., Olarieta, F.,B., A escola pública aposta no pensamento, Belo Horizonte: Autêntica,
2012).
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