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Amechanon, Vol. I / 2016-2018, ISSN: 2459-2846



                   aqueles parques de diversões exuberantes. Sim, a universidade esse dia para essas crianças

                   era como um parque de diversões.

                   Cada andar mais próximo do décimo segundo e último onde fica a Faculdade de Educação
                   a ansiedade crescia; quando chegamos ao andar de destino, pelos corredores as vozes

                   aumentavam  de  acordo  com  o  tamanho  da  emoção  que  sentiam.  Talvez  com  um
                   sentimento de culpa, por nos sentirmos obrigadas a conter essa emoção toda, explicamos

                   a eles que nas salas haviam turmas em aula, e que era necessário que todos diminuíssem o
                   volume da voz. A culpa passou rápido quando abrimos a porta do ateliê de Infância e

                   Filosofia  «Dr.  Matthew  Lipman»  e  pudemos  ver  o  encantamento  das  crianças  ao  se
                   depararem com a sala, segundo eles, «mais legal de todas», com estofados acolchoados e

                   coloridos, uma decoração convidativa e cheia de livros e brinquedos. A primeira reação das
                   crianças foi de ir direto brincar com todos eles.



                   Uma experiência de pensamento a partir de um fragmento de um filósofo muito antigo


                   Após  esse  primeiro  momento,  nos  encontramos,  Aline  e Mayara  que  vínhamos  com  a

                   turma  da  escola  e  Walter  que  estava  nos  esperando  com  a  sua  turma  de  PPP.  Todos

                   naquela  sala  estavam  dispostos  a  começar  mais  uma  experiência  de  filosofia,  e  assim
                   fizemos. Walter começou pedindo que todos fizessem uma roda e formassem duplas, para
                   cada  dupla  ofereceu  um  exemplar  do  livro  Pensar  com  Heráclito  (Rio  de  Janeiro:

                   Lamparina, 2014), uma seleção de fragmentos do filósofo de Éfeso ilustrados pela artista

                   Elvira Vigna. Pediu para eles se deterem num dos fragmentos, o 123:  «A natureza ama
                   ocultar-se». Colocou a frase no quadro em português e em grego (PHYSIS KRYPTESTHAI

                   PHILEI).  A  partir  dessa  frase  ele  perguntou  para  as  crianças  o  que  elas  achavam  que
                   significava  a  frase.  Há  muitas  coisas  curiosas  a  serem  destacadas  no  que  as  crianças

                   responderam,  como  por  exemplo,  a  notória  confusão  ou  aparente  dificuldade  para
                   entender a palavra ocultar-se. Parecia que algumas sequer tinham ouvido alguma vez essa

                   palavra. O que significa essa palavra? Walter perguntou se elas poderiam oferecer palavras
                   de significado próximo. Várias crianças tentaram, outras, apenas acompanhavam essas

                   tentativas,  algumas  das  quais  se  aproximavam  e  outras  ficavam  bastante  afastadas...
                   depois de um tempo de ensaios e algumas sugestões do que poderia significar tanto a

                   palavra em questão quanto o fragmento inteiro, prosseguimos com outra atividade.






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