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Amechanon, Vol. I / 2016-2018, ISSN: 2459-2846



                   de raciocínio sofisticadas como o silogismo aristotélico para concluir que é preciso fazer
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                   com que o índio trabalhe a golpes por não ser homem . Da mesma forma, os silogismos e
                   os  paralogismos  que  os  jovens  aprendem  como  papagaios  nas  escolas  da  Colônia  se
                   convertem nos silogismos que passam por razões de estado nos gabinetes ministeriais,

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                   adverte o Sócrates de Caracas . O uso técnica da lógica pode fundamentar uma ética e
                   uma política ilógicas no sentido de indesejáveis, inadmissíveis para a realidade americana.


                   Qual imagem de pensamento se afirma quando se afirma o pensamento como um princípio
                   ou sentido da educação? Será a lógica das habilidades? Simón Rodríguez alerta sobre os

                   perigos dessa lógica. Não é nela que ele aposta. Não se trata de aprender competências
                   pois  seria  apenas  um  instrumento  que  pode ser  utilizado  em  várias  direções,  algumas

                   indesejáveis. Pensar não é simplesmente dominar habilidades, técnicas, ferramentas de
                   pensamento. Pensar é uma arte, um ser sensível ao mundo, ao fora. Quem pensa para

                   justificar a opressão e a exclusão não merece o nome da lógica. Pensar é também um ato
                   político e a política do pensamento afirmada por Rodríguez e que fazemos própria supõe

                   o desejo de habitar um mundo mais justo, no pensamento e na vida.

                   É preciso pensar sobre outras bases, pensar sentindo, pintando uma realidade de liberdade
                   para todos os que habitam uma terra. A verdade não está esperando para ser descoberta.

                   Ela  precisa  ser  inventada,  ou  seja,  afirmamos  uma  imagem  de  um  professor  ou  uma

                   professora atenta aos outros do saberes e aos outros saberes de modo a fazer da escola e
                   das comunidades que habitamos dentro e fora dela um espaço mais justo, belo e alegre
                   para os que o habitam.



                   Um exercício teatral: «Parem e Pensem»

                   No livro Arco Iris do Desejo, Augusto Boal apresenta um sem número de técnicas produto
                   do  desenvolvimento  de  seu  Novo  Teatro  do  Oprimido  e  de  sua  aproximação  com  o

                   Psicodrama. Trata-se por tanto de uma intervenção teórico-prática que pressupõe uma
                   ideia  de  teatro  e  uma  projeção  terapêutica  de  técnicas  teatrais  que  daquela  se

                   desprendem.




                   86  Rodríguez, S., Obras Completas, op.cit, vol. I, p. 243.

                   87  Ibid., vol. II, p. 26.



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